segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Keynes e Friedman voltam à tona com crise americana

Seguidores dos dois economistas voltam a debater qual é o real papel do governo dos Estados Unidos para ajudar na retomada do crescimento

07 de novembro de 2010 | 0h 00

Na atual crise americana, dois economistas do século 20 são constantemente citados na imprensa e nas aulas nas universidades para saber o que fariam se estivessem vivos e com poder para comandar a economia dos Estados Unidos, que luta para crescer a um ritmo que reduza a taxa de desemprego de 9,6%.

De um lado, John Maynard Keynes, ícone de uma corrente política que leva o seu nome. De outro, Milton Friedman, pai do liberalismo econômico nos EUA. Nesta semana, o nome de um deles voltou à tona com a decisão do Federal Reserve (FED, Banco Central dos EUA) de emitir US$ 600 bilhões para comprar títulos do Tesouro americano. Como a ação é de política monetária, e não fiscal, o foco das discussões é Friedman.

Em artigo no Wall Street Journal, o editor do jornal, David Wessel, foi o primeiro a levantar a pergunta sobre como o professor da Universidade de Chicago e Nobel de Economia teria agido no que os americanos descrevem como "afrouxamento quantitativo" (a emissão para a compra dos títulos). Na avaliação do jornalista, Friedman apoiaria a decisão do presidente do Fed, Ben Bernanke. A base do argumento dele está em comentário feito pelo economista em situação paralela, durante a recessão japonesa nos anos 1990. "O Banco do Japão pode comprar títulos do governo no mercado aberto", escreveu Friedman na época, defendendo a intervenção monetária.

Paul Krugman, professor de Princeton e Nobel de Economia, concorda com Wessel sobre o que Friedman faria. Mas, de esquerda, ele ironiza lembrando que o Japão adotou esse conselho e a economia não conseguiu ser reativada. Já o professor Allan Meltzer, mais à direita, da Universidade Carnegie Mellon, argumenta que Friedman certamente seria contra, pois a principal mensagem dele "era manter as regras monetárias", além de deixar "o crescimento da oferta de dinheiro constante".

As posições diferentes representam os distintos pontos de vista da academia americana sobre como a política monetária pode ser utilizada para reaquecer a economia americana, segundo explicou ao Estado Helios Herrera, professor de Macroeconomia da Universidade Columbia, de Nova York.

Economistas mais conservadores, como Meltzer, consideram arriscado despejar dinheiro no mercado, como Bernanke fez agora, "pois existe o risco inflacionário", segundo Herrera. Outros, como Wessel, também liberais, acham que a política monetária usada por Bernanke pode ser mais eficiente do que o governo aumentar os gastos, correndo o risco de aumentar o déficit, como defende Krugman. "Especialmente quando a taxa de juros se aproxima do zero e não há muito o que fazer", disse o economista da Columbia.

A semana passada também revitalizou os debates sobre a política fiscal, com a vitória dos republicanos nas eleições para o Congresso e a pressão deles para que os cortes nos impostos, incluindo para os ricos, adotados na administração de George W. Bush e que expiram em dezembro, sejam prorrogados. O governo de Barack Obama quer voltar a elevar os impostos para os que recebem mais de US$ 250 mil por ano. "É típico da divisão entre direita e esquerda", diz Herrera. Na visão republicana, "com menos impostos, sobra mais dinheiro no mercado e a economia se reaquece". Os democratas preferem mais impostos porque o governo "poderá fazer mais gastos públicos". Basicamente, uns defendem o aumento do PIB através da iniciativa privada (republicanos), e outros com mais gastos públicos (democratas).


http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,keynes-e-friedman-voltam-a-tona-com-crise-americana,636001,0.htm

Obs: Notícia de 2010.

Essa notícia é interessante para se analisar o que os pensadores fariam em situações atuais da economia. Vale como uma disputa, de quem, através de suas teorias, conseguiria equilibrar a economia, de forma que a população não fosse atingida, ou, qual tomada de decisão, teria uma repercussão positiva, a longo prazo.

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