Este Blog tem como objetivo discutir aspectos interessantes da economia atual articulado aos grandes pensadores. Podem ser idéias, charges, opinião sobre livros e artigos publicados, entre outros.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
A RECONSTRUÇÃO DO ESTADO
O ASSASSINO DO KEYNESIANISMO
No início dos anos cinqüenta, Friedman apresentou uma reformulação da teoria quantitativa da moeda, afirmou que todo o aumento geral, prolongado e sustentado dos preços tinha causa num aumento na oferta de dinheiro. A “inflação”, disse, “é sempre e em toda parte um fenômeno monetário”. Sua já citada “História monetária dos Estados Unidos” demonstrou que a manipulação governamental da oferta de moeda era o principal fator por detrás dos ciclos de crescimento e de bancarrotas experimentados no século XX. Além disso, afirmou que foi a política desorientada do Fed no início dos anos trinta que gerou a severidade da grande depressão em 1929 – e não nenhuma falha inerente à economia de mercado.
Isto levou Friedman apresentar a defesa de “uma regra monetária”, sob a qual à autoridade monetária seria negada qualquer poder discricionário sobre a oferta de dinheiro. Ao contrário, o Fed seria limitado a aumentar a oferta de dinheiro a uma taxa anual fixa de cerca de três por cento. Isto criaria um elevado grau de previsibilidade sobre a política monetária e geraria um nível de preço relativamente estável numa economia crescente.
Ao defender uma regra monetária, Friedman advogou um padrão de papel-moeda melhor do que o padrão-ouro, discutindo que este pouparia os custos de escavar o metal da terra apenas para armazenar nos cofres dos bancos. Mas, anos após ter recebido o prêmio de Nobel repensou sua regra monetária e o padrão-ouro. Numa série dos artigos nos anos oitenta Friedman afirmou que a teoria da escolha pública (Public Choice) o tinha convencido que nunca seria do interesse a longo prazo dos governos ou das autoridades monetárias seguir o tipo de regras que propôs, já que a tentação de abusar da impressão por razões políticas seria sempre muito grande. Concluiu então que, dada à história da política do Federal Reserve System no século XX, permanecer no padrão-ouro teria sido muito menos custoso para os Estados Unidos do que as inflações e as recessões criadas pelo Fed.
Uma contribuição final e duradoura de Friedman foi a formulação “da taxa natural” de desemprego. Os keynesianos dos anos cinqüenta e sessenta acreditaram que era possível abaixar permanentemente a taxa de desemprego com a manipulação da taxa de inflação. No pronunciamento presidencial diante da associação econômica americana em 1967, Friedman afirmou que no máximo, as políticas monetárias poderiam temporariamente abaixar o nível de desemprego. Mas no longo prazo ela retornaria a sua “taxa natural”.
Disse que a quantidade de desemprego, em qualquer época, foi determinada pela mudança das condições de oferta e da procura nas expectativas do mercado e das pessoas sobre a taxa de inflação futura, o que influenciou as demandas de preço e de demandas salariais. A autoridade monetária poderia enganar as pessoas aumentando a taxa de inflação acima das expectativas das pessoas, tendo como resultado uma elevação maior dos preços acima dos salários, e as margens de lucro maiores resultantes criariam um incentivo para que os empregadores aumentassem a saída e empregassem mais trabalhadores. Mas com o passar do tempo, quando as pessoas descobrissem a verdade sobre a taxa de inflação, exigiriam maiores salários e preços dos recursos para compensar o poder de compra perdido. Isso reduziria as margens de lucro e o nível do desemprego retornaria ao seu em nível “natural”.
A menos que a autoridade monetária estivesse disposta a aumentar continuamente o preço da taxa da inflação acima das expectativas de ajustes das pessoas, teremos de aceitar a lição de que na política de longo prazo, a política monetária não pode influenciar os níveis de emprego e de produção. Estes são determinados pelas condições de mercado e não pela manipulação do governo.
Com estas contribuições, Friedman transformou permanentemente os termos do debate na macroeconomia, e nesse processo destruiu muitas das mais estimadas suposições da economia keynesiana.
http://www.cieep.org.br/index.php?page=artigossemana&codigo=636
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Keynes vs Hayek
Além de engraçado vai ajudar a entender melhor a matéria!
Muito bom !!!
Keynes versus Friedman
Keynes versus Friedman
Podemos considerar a economia como a ciência social que administra recursos escassos para satisfazer as necessidades humanas que são ilimitadas. Por definição a economia caminha em rotas repletas de subjetivismo. Cada tomada de decisão é feita sem certeza alguma. Aprende-se com os exemplos do passado e a tomada de decisões é perante o que se acha que deve ocorrer.
Partindo destes pressupostos, há espaço para diversas correntes de pensadores, onde na história recente temos dois grandes destaques. Um deles se chama John Minardi Keynes e foi o grande ícone de gerações de economistas em todo mundo, e inspira uma corrente de pensamento que leva seu nome. O outro é Milton Friedman, considerado o pai do liberalismo moderno.
Ambos pretendem o desenvolvimento, crescimento e o bem social. Porém traçam caminhos totalmente opostos para tal. Tomamos por exemplo a crise que se iniciou nos Estados Unidos e que é a causa da paralisia e até recessão dos mercados atuais.
A crise começou com um ataque terrorista brutal, que certamente levaria a economia americana – e consequentemente global – a uma crise de confiança e redução de consumo. Prevendo isso, o Governo americano injetou considerados recursos no setor imobiliário, que a priori afeta inúmeros outros setores da economia.
A oferta de crédito era enorme e os bancos usaram de sua liberdade ‘a la Friedman’ para ter grande liquidez. Foram feitos milhares de empréstimos que comprometiam boa parte da renda dos compradores e securitizados por hipotecas. Tudo funcionou até que o aumento da inadimplência começou a executar hipotecas e a recolocação desses imóveis a venda. O resultado foi uma extrema perda de valor nestes ativos e seus títulos de dívidas viraram pó.
Os bancos estavam operando com uma alavancagem de derivativos muito altos, muito além do que a saúde econômica suportaria e pior, muitos alavancados com títulos podres do setor imobiliário. O problema com a inadimplência dos financiamentos de imóveis nos EUA afetou a liquidez dos bancos e, por sua vez, a economia sem crédito ficou paralítica e a beira do caos.
Todo este cenário que descrevi até agora aconteceu perante o governo republicano do presidente Bush. O governo assistiu este desenrolar paciente e sem intervenções, acreditando no auto ajuste do mercado pela ‘mão invisível’. É isto que ensina a doutrina liberal de Friedman, onde o governo deve ter suas ações limitadas e deve deixar o mercado livre. É interessante salientar que Friedman conquistou o prêmio Nobel de economia em 1976, e era praticamente o Deus do liberalismo, o suprassumo das correntes econômicas. Porém sua teoria foi posta à prova, e pior, para sobreviver a crise, o governo liberal de Bush teve que atuar fortemente na economia.
Neste momento, estava Keynes em alguma dimensão, comemorando como se estivesse feito um gol.
O governo dos EUA teve que socorrer a economia atuando principalmente no setor financeiro e em algumas empresas estratégicas. Ao injetar recursos na economia foi acionado o efeito multiplicador de keynesiano: o dinheiro produz consumo, que puxaria a produção, que produziria mais consumo e assim por diante.
É importante lembrar que a presença do Estado na economia, pressuposto de Keynes, deve ser diferente em cada setor e que o Estado não pode ser o único agente de investimentos e desenvolvimento. Isto causaria grandes déficits. É o caso da Grécia atualmente.
Friedman acreditava que a atuação monetária deveria ser a única ferramenta de atuação do Estado, deixando que o restante fosse feito conforme ajustes que o próprio mercado faria. Isto se mostrou uma utopia. Os agentes do mercado são gananciosos e se deixar controlar sozinho causaria ganhos a alguns e perca para muitos. As deslocações de renda deixaria a economia ainda mais instável. Sendo que ‘crise’ seria o reflexo de grandes proporções deste desajuste. Certamente que o liberalismo acerta em alguns pontos, mas deixar o mercado se regular pode ir de encontro ao bem social, pois se desconsidera a irracionalidade e desonestidade dos agentes do mercado.
Os pensamentos de Keynes se mostraram eficazes. Tanto para a contenção desta crise como também na Grande Depressão de 1929 e na reconstrução da Europa pós-guerra. Porém o excesso da presença do Estado na economia grega levou o país à uma dívida muito além da produção do país. Keynes considerou que o Estado teria os melhores profissionais e não considerou a corrupção.
Acredito que as medidas econômicas devem ter um mix, entre controle estatal em algumas áreas, mercado se regulando e de uma forma assistida em outras. O Estado deve ter como prioridade o desenvolvimento sustentável e ambas as correntes podem contribuir para isto.
Que Keynes cuide bem de Friedman, amém.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Smith, Keynes e os paradoxos da ciência econômica
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
A Grande Recessão: Friedman e Keynes
Um dos oradores foi governador do Federal Reserve, Ben S. Bernanke. Em um discursoacadêmico, ele endossou a opinião de Friedman de que o Fed foi fundamental paracausar a Grande Depressão com uma política monetária restritiva que virou uma contração em algo muito, muito pior.
Muitos economistas concordam que as medidas drásticas tomadas provavelmente impediu uma repetição da Grande Depressão. Mas a "recuperação" foi tão fraco que grande parte do público pensa, com razão, que nunca saiu da recessão
Leia Howard "Onde Liberais Failed" e "Onde os conservadores Failed" na AgendaIndependent.
John Maynard Keynes
"Essa coisa não funciona do jeito que costumava trabalhar", disse Mark Skousen, queedita o boletim Previsões e Estratégias de investimento e tem escrito vários livros sobre economia, incluindo "The Making of Modern Economics".
Análise marxista da crise do capitalismo: Marx versus Keynes
Copom, PIB e o "chororô"
Copom, PIB e o "chororô"
Antonio Corrêa de Lacerda
De São Paulo
"Quando a realidade muda,
minhas convicções também mudam"
(John Maynard Keynes, 1883-1946)
A frase em epígrafe, do mais importante economista do século vinte, foi uma resposta a um interlocutor que o questionou porque havia mudado de opinião. É uma boa ilustração do momento vivido pela economia brasileira e das ações que temos que tomar para enfrentar os enormes desafios impostos pela nova realidade internacional de menor crescimento econômico, talvez recessão em muitos países, fase prolongada de juros muito baixos, até mesmo negativos e "guerra cambial" explicita.
A recente decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros e sinalizar que ela continuará em queda gerou uma grande discussão. De um lado, representantes do mercado financeiro aludindo uma improvável ingerência política na decisão. Do outro, muitos que, como eu, viram coerência e determinação na decisão correta.
O fato é que, interesses específicos à parte, o melhor mesmo para o País é adaptar rápida e antecipadamente o conjunto da política econômica para os "tempos bicudos" que se apresentam. É importante que haja previsibilidade, como querem alguns, nos movimentos das medidas econômicas, mas não podemos nos tornar reféns dela, nem mesmo torná-la instrumento de ganhos especulativos fáceis e sem risco, em detrimento do que é melhor para a Nação.
Assim, fez muito bem o Banco Central do Brasil (BCB) em considerar as novas circunstâncias, de uma economia internacional que está se deteriorando. É muito fácil criticar a decisão baseando-se unicamente nos indicadores passados. O difícil é perceber a dinâmica das variáveis e como elas impactarão os níveis de atividades, de preços e demais indicadores no futuro próximo.
Especialmente nos momentos de grande transição como o que enfrentamos, isso se torna ainda mais desafiador e é preciso contar com boas análises e ousadia para tomas as decisões mais acertadas.
Portanto, criticar a decisão de reduzir os juros com o argumento que a inflação acumulada nos últimos doze meses ultrapassou o teto de tolerância da meta, de 6,5%, é uma visão equivocada. Por varias razões:
Primeiro, porque inflação elevada não é uma particularidade brasileira. O mundo viveu até recentemente uma pressão de elevação de preços. A inflação acumulada em 12 meses é de 6,4%, na China. Há ainda países com inflação mais elevada que a nossa, como a Índia, com 8,7%, a Rússia, com 9,4%, a Argentina, cuja inflação oficial é de 9,7% e a campeã Venezuela com 24% !;
Segundo, porque inflação em alta é um fenômeno com data marcada para terminar. Assim que o cenário de desaquecimento, talvez recessão, se consolidar em economias como EUA, Europa e Japão, que representam mais da metade do PIB mundial, os preços vão cair. Se no passado recente tivemos o efeito da pressão inflacionária internacional, a direção vai se inverter, com a desinflação vinda de fora;
Terceiro, porque o nível de atividades da economia brasileira está em franca desaceleração e isso não se trata de um prognóstico. Basta verificar a evolução dos indicadores. O PIB brasileiro que vinha crescendo em doze meses a 9% no segundo trimestre do ano passado foi se desacelerando e subiu apenas 3,1% no segundo trimestre deste ano. Se nada ficarmos inertes, teremos uma recessão desnecessária à frente !;
Quarto: apesar da queda, continuamos no topo do "campeonato mundial de juros reais", muito distantes do segundo colocado e, mais ainda, da média mundial. Ficar nesta posição, com o mundo desenvolvido em crise, significará, além da queda do PIB, valorização adicional da taxa de cambio, desincentivo ao investimento produtivo e desperdício de recursos públicos para financiar a divida publica.
Portanto, nos deixemos impressionar pelo chororô de alguns analistas e operadores do mercado financeiro que tentam desqualificar a decisão do BCB e intimidá-lo para os próximos passos. Os membros do Copom já demonstraram sua independência, não apenas em relação ao Governo, mas também e principalmente, frente às pressões advindas de vozes nem sempre comprometidas com o interesse geral, mas segmentado.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Keynes e Friedman voltam à tona com crise americana
De um lado, John Maynard Keynes, ícone de uma corrente política que leva o seu nome. De outro, Milton Friedman, pai do liberalismo econômico nos EUA. Nesta semana, o nome de um deles voltou à tona com a decisão do Federal Reserve (FED, Banco Central dos EUA) de emitir US$ 600 bilhões para comprar títulos do Tesouro americano. Como a ação é de política monetária, e não fiscal, o foco das discussões é Friedman.
Em artigo no Wall Street Journal, o editor do jornal, David Wessel, foi o primeiro a levantar a pergunta sobre como o professor da Universidade de Chicago e Nobel de Economia teria agido no que os americanos descrevem como "afrouxamento quantitativo" (a emissão para a compra dos títulos). Na avaliação do jornalista, Friedman apoiaria a decisão do presidente do Fed, Ben Bernanke. A base do argumento dele está em comentário feito pelo economista em situação paralela, durante a recessão japonesa nos anos 1990. "O Banco do Japão pode comprar títulos do governo no mercado aberto", escreveu Friedman na época, defendendo a intervenção monetária.
Paul Krugman, professor de Princeton e Nobel de Economia, concorda com Wessel sobre o que Friedman faria. Mas, de esquerda, ele ironiza lembrando que o Japão adotou esse conselho e a economia não conseguiu ser reativada. Já o professor Allan Meltzer, mais à direita, da Universidade Carnegie Mellon, argumenta que Friedman certamente seria contra, pois a principal mensagem dele "era manter as regras monetárias", além de deixar "o crescimento da oferta de dinheiro constante".
As posições diferentes representam os distintos pontos de vista da academia americana sobre como a política monetária pode ser utilizada para reaquecer a economia americana, segundo explicou ao Estado Helios Herrera, professor de Macroeconomia da Universidade Columbia, de Nova York.
Economistas mais conservadores, como Meltzer, consideram arriscado despejar dinheiro no mercado, como Bernanke fez agora, "pois existe o risco inflacionário", segundo Herrera. Outros, como Wessel, também liberais, acham que a política monetária usada por Bernanke pode ser mais eficiente do que o governo aumentar os gastos, correndo o risco de aumentar o déficit, como defende Krugman. "Especialmente quando a taxa de juros se aproxima do zero e não há muito o que fazer", disse o economista da Columbia.
A semana passada também revitalizou os debates sobre a política fiscal, com a vitória dos republicanos nas eleições para o Congresso e a pressão deles para que os cortes nos impostos, incluindo para os ricos, adotados na administração de George W. Bush e que expiram em dezembro, sejam prorrogados. O governo de Barack Obama quer voltar a elevar os impostos para os que recebem mais de US$ 250 mil por ano. "É típico da divisão entre direita e esquerda", diz Herrera. Na visão republicana, "com menos impostos, sobra mais dinheiro no mercado e a economia se reaquece". Os democratas preferem mais impostos porque o governo "poderá fazer mais gastos públicos". Basicamente, uns defendem o aumento do PIB através da iniciativa privada (republicanos), e outros com mais gastos públicos (democratas).
Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo - 07 de novembro de 2010