terça-feira, 15 de novembro de 2011

Crise Européia

CRISE EUROPÉIA: HUMANISMO E ECONOMIA

Com a renúncia do primeiro-ministro grego, George Papandreou, agrava-se a crise europeia, sinalizada por novas baixas nas bolsas de valores, e o clima de grande incerteza no continente europeu. Muitos não querem reconhecer o que os fatos estão demonstrando: o euro não tem conseguido a estabilidade necessária para manter a unidade europeia. Isso porque, desde o início, foi imposto por uma agenda política que não levou em conta valores culturais, e quis forçar, digamos assim, uma unificação artificial, numa economia – como bem lembrou o papa Bento XVI – que não colocou a pessoa humana como centro, daí a crise atual, sem perspectivas de soluções imediatas ou alguma melhora no contexto conjuntural.
A Europa está vivendo uma grave crise de identidade, refletida agora no atual desarranjo econômico e financeiro, e que poderá ter conseqüências políticas e culturais, com as já conhecidas situações dolorosas que tais desacertos ocasionam, isso tudo porque a Europa renunciou a sua identidade, desde o final da segunda guerra mundial, quando capitulou e não conseguiu mais se reerguer. Na realidade, o período de prosperidade econômica vivida especialmente por conta do chamado estado do bem estar social, pode estar chegado ao seu fim, muito mais rápido do que imaginaram aqueles que tanto o defenderam no pós-guerra. O problema é que o bem-estar social continuou sendo artificial e mantido às custas de políticas que continuaram se valendo de pressupostos ideológicos equivocados, e ainda mais dificultando o pleno desenvolvimento da s demais nações do mundo, especialmente as da África. O Brasil e a Índia, dois emergente da atualidade, têm conseguido despontar, mas mesmo assim apesar de serem vítimas de políticas internacionais que visam, a todo custo, conter e controlar o desenvolvimento de tais países.
Um exemplo, entre tantos fatores, que indicam as consequências danosas de tal controlismo podemos perceber na questão demográfica. Tanto Brasil quanto Índia continuam sendo alvos dos que trabalham pelo controle demográfico, porque sabem que uma população pujante é sempre uma ameaça ao bem-estar social dos países desenvolvidos, em muitos aspectos. No entanto, o controlismo acaba se voltando contra os seus próprios mentores, gestores e executores. Pois, na Europa, por exemplo, o inverno demográfico tem sido uma das causas que explicam a gravidade da crise atual. Não há mais jovens e trabalhadores produtivos em número suficiente para manter a crescente folha de pagamentos dos que dependem do sistema previdenciário. Daí a necessidade de enxugar os benefícios sociais que tanto empolgaram os europeus nas últimas décadas. Mais uma vez Bento XVI foi categórico e acertou em dizer que o grande problema é que a pessoa humana não foi colocada no centro da economia, por isso o sistema começa hoje a não saber como resolver os problemas que ele próprio criou. E a única solução é esta: voltar a colocar os valores humanos acima dos valores econômicos.

Professor Dr. Valmor Bolan é Doutor em Sociologia e Presidente da CONAP (Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos-Prouni).

Fonte: http://www.jornaldebarretos.com.br/novo/2011/11/42891

Um comentário:

  1. A frase que chamou minha atenção em relação a implatação do euro: ...porque, desde o início, foi imposto por uma agenda política que não levou em conta valores culturais, e quis forçar, digamos assim, uma unificação artificial, numa economia – como bem lembrou o papa Bento XVI – que não colocou a pessoa humana como centro, daí a crise atual, sem perspectivas de soluções imediatas ou alguma melhora no contexto conjuntural.
    Seria muita inocência esperar que o capitalismo agisse de outra forma.

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